segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Planeta

Bem, eu estava lá na minha primeira aula de Bioética... Bem legalzinha por sinal, quando a professora disse algo sobre o planeta. Logo que ela começou a mostrar os slides o pessoal pegou uma folha de fichário, outros abriram os cadernos... Sabe como é, aquela volta animadíssima às aulas, todo mundo feliz, se abraçando e como você está mais magro! E nossa como seu cabelo está lindo! Todo aquele clima e claro, todo mundo falando ao mesmo tempo, e a mulher insistindo em dizer que a Medicina e a bioética e blabla... Enfim, o pessoal pegou as folhas, pegaram sua canetas e fogo! Eu até admito que peguei uma folha, que como disse uma amiga minha, só pra não ficar chato, porque convenhamos, eu até posso gostar de escrever, mas copiar... Em minha defesa eu diria que copiar slides e lousas são praticamente um plágio. Mas daí, a professora soltou a frase... 'blabla... nosso planeta está em outros tempos... e blabla...'. A verdade é que eu não me lembro bem o que ela disse, mas em resumo, ela falou que o planeta está ferrado, e se ela pode passar os slides por e-mail para gente, então porque não todo mundo abaixar as canetas e para de gastar papel?
Eu sorri como uma idiota. Finalmente alguém disse algo de sentido dentro da sala de aula... Não que os outros professores não falem coisas com nexo, é que na maioria das vezes eu estou pensando no que fazer para almoçar, então nada faz muito sentido para mim... Mas ela realmente disse isso, eu queria levantar e apontar na cara daqueles que olham para mim e pensam: "Esses vagais do fundo que não copiam". Quem é o malvado da história agora, heim? Heim? Heiiiim? Posso ser vagal, mas pelo menos tenho responsabilidade social. Há.
Viu, a vida univérsitaria é repleta de conflitos internos... e externos também, mas pelo menos agora eu posso dizer: Vagal não, só estou preservando o planeta.

sábado, 31 de julho de 2010

As coisas mudaram

Do mesmo jeito que a fênix volta das cinzas eu ressurgi, decidi de uma vez por todas tentar colocar essa coisa pra funcionar e tentar mostrar que ler e escrever não são tão ruins assim como muita gente pensa.
Além disso, claro, as coisas na minha vida mudaram bastante. Da última vez eu estava em pânico por causa dos meus temidos veteranos e o que eu posso dizer é que agora eu sou uma veterana. Nada de pânico, devo dizer... Eu não pretendo matar ninguém...
A faculdade está ótima, e eu posso com certeza dizer que vai ser uma das melhores épocas da minha vida como muita gente diz por aí... Além disso claro, eu finalmente terminei um livro (dentre muitos outros projetos), e tem até um pessoal da minha facu que está lendo e isso é ótimo.
Vamos lá, agora nessa vida universitária eu tenho coisas novas pra me inspirar, claro, é tanta coisa ridícula que a gente passa... Tanta gente bebada e pelada... Além do que, nós temos outros temas novos, como a merda (perdão, mas não deu pra me conter) de Crepúsculo e toda a vampirada de brilha na luz do sol como um cara na parada gay... Bem, até Harry Potter tá acabando! Apesar de que como vão ser dois filmes... Enfim, completando tudo isso teve a copa do mundo, a gente perdeu, o Michael Jackson morreu, ceús, o mundo não é mais o mesmo! Teve a aparição da Lady Gaga nas nossas vidas! Oh, o mundo realmente mudou de um tempo para cá... Apesar de que algumas coisas continuam as mesmas, o brasileiro ainda está confiante para a copa de 2014, a Madonna ainda faz sucesso, os vampiros - brilhando ou não - fazem sucesso... O que me faz pensar como os autores de livros que tem vampiros de verdade (o que pode ser um tanto quanto contraditório) devem estar putos, porque foi preciso um vampiro humanizado para os livros deles aparecerem... mesmo as histórias deles sendo melhores.
Bem, então, no meio de todos esses assuntos promissores eu preciso começar a criar vergonha na cara e começar a escrever. Se eu pudesse me estapear agora e dizer: "Coragem!"... Eu diria, mas não, muito obrigada, eu sou contra o masoquismo.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Hora do horror da minha vida

Eu não sei, eu simplesmente acordei com o pé errado a semana inteira... Mas de verdade, as coisas chegaram em um pico de ruindade e depois melhoraram.
Dizer que as coisas melhoraram é só um eufemismo, na realidade eu só tentei mudar o ponto de vista... Tudo continua péssimo, meio escuro, fora de foco, mas eu decidi enfrentar tudo sem me desperucar, como diz uma amiga.
Eu prefiro continuar sonhando em meus livros, em minhas histórias e poemas, fingir que sou escritora, só de mentirinha, e dar vida a tudo aquilo que eu sei que nunca vai acontecer. Eu prefiro mentir de um jeito justo, se é que isso é possível, para mim mesma, só em páginas e mais páginas.
Atualmente, tirando as coisas mais pessoais e depois de cair na realidade, eu tenho me preocupado mais com o trote da faculdade. Não que eu tenha me descabelado por causa dele... por enquanto, mas às vezes eu me pego pensando em como sair correndo das garras dos veteranos, o que no caso talvez seja pior. A tortura que eu teimo em fazer comigo mesma, de ficar na internet procurando aqueles casos absurdos de abusos nas recepções para os calouros, só me dá mais arrepios. As pessoas não sabem brincar, não sabem ser humanas, de fato existe algum tipo de irônia em dizer que 'bixos' são gente afinal de contas. O mais engraçado é que nos meus sonhos acordada eu me imagino batendo o pé e dizendo isso.
Eu tenho amigos que sobreviveram ao trote sem maiores traumas, talvez eu seja só mais um desses casos, o que nunca me impediu de ficar imaginando coisas como eu perdendo um olho, ou ficando paraplégica, ou morrendo intoxicada pela tinta. Alguns tentam me acalmar, outros me atormentam, fazem terrorismo porque eles mesmo são tão, ou no caso até mais, medrosos do que eu.
De qualquer maneira... eu espero sobreviver.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Como se dar mal em sete passos

Eu acho que tem vezes que um dia foi feito para dar errado. Ontem eu tive que enfrentar a infelicidade, a dor (física no caso para não ficar tão dramático), o arrependimento, o medo, a saudades... É um verdadeiro furacão de emoções, desculpem o clichê, mas eu nunca levei essa frase tão a sério quanto ontem.
Primeiro passo em falso: sair de sandália na chuva.
Eu realmente podia ver as nuvens negras pairando sobre a cidade, talvez eu realmente tenha sido idiota e tenha ajudado o inconveniente a acontecer, mas o fato foi que logo que eu abri a porta do carro eu pude ver o rio de águas que corria pelas ruas. Para melhorar tudo eu estava logo em frente a um bueiro.
A primeira coisa que eu perguntei depois de entrar na loja foi se eu podia pegar uma leptospirose. Digamos que eu já não estava muito positiva por acontecimentos recentes envolvendo um amigo, mas as coisas não podiam piorar, podiam? Eu já estava molhada, deprimida, prestes a pegar uma doença que era transmitida pela urina de rato (urgh, vou lavar os pés de novo), eu podia morrer! Tudo bem, tudo bem, exagero da minha parte...
Segundo passo em falso (literalmente): não olhar para o chão enquanto anda.
Vocês já caíram de uma escada? Pois bem, eu não vou dizer que eu cai, sai rolando etc e tal porque minha adorada mãe segurou o meu braço, mas que foi um tombo arriscado foi. Eu sai tentando manter a pose. Pigarreie e levantei o rosto... só faltou ajeitar a gola da blusa. O pior foi o andar mancando, enquanto meu calcanhar dava estranhos choquinhos que me preocuparam por algum tempo e minha perna torcida. Eu sinceramente nunca achei que minha perna podia se entortar daquele jeito... talvez porque ela realmente não pudesse!
Terceiro passo em falso: acreditar que um mocinho do caixa recém contratado pode ser eficiente.
Logo que o moço disse que era novo com aquele sorrisinho gentil eu senti um arrepio subir pela minha espinha. Tudo começou com a tentativa de passar o cartão de crédito... que foi passado como de débito. Só sei que no fim o 'sistema' (pessoas que trabalham em lojas adoram dizer isso, não é?) travou... Simples assim. Eu achei que o atendente iria surtar, bem, eu acho que ele surtou. Ninguém vinha ajudar a pobre alma e enquanto isso eu e meus pais nos estressamos depois da meia hora no caixa. A gente não culpou o moço, ele era novo, mas simplesmente ninguém se dignava a ajudar o coitado. O rolo se prolongou até quase que uma hora e meia... com certeza uma hora eu fiquei lá, e tirando maiores detalhes e resoluções que não resolviam nada nós finalmente saímos da loja prontos para o jantar.
Quarto passo em falso: discutir com quem pode mais que você.
Sinceramente, eu não sou uma pessoa muito calma. E meu pai também não. A gente discutiu da saída do carro até sentarmos na mesa... e também durante o jantar.
Quinto passo em falso: achar que o garçon bem humorado também pode ser eficiente.
Eu estou começando a ficar deprimida só de olhar pro texto... Enfim, o cara conseguiu fechar a conta da mesa errada depois de uma pequena espera. Nesse ponto do dia eu realmente estava achando que se eu desse mais um passo o chão poderia cair.
Sexto passo em falso: a fila do estacionamento.
Naquela fila aconteceu de tudo. Além de enorme, as pessoas alinhadas estavam de mau humor. Uma não queria andar porque a da frente estava fumando. Outra teve que chamar a mãe aos berros já que havia faltado dinheiro...
Sétimo passo em falso: ir dormir as quatro da manhã.
O MSN estava quieto, só eu, uma amiga e um amigo. Confesso que várias coisas passavam pela minha cabeça enquanto eu falava com eles, eu tinha outros assuntos, outras coisas que me perturbam até agora. A única coisa boa que aconteceu foi termos marcado para sair sábado a noite em um tipo de despedida para mim. Enquanto tudo me preocupava eu ainda tinha que encarar a saudades que iria sentir de uma porção de pessoas e aceitar o fato de que eu não estava satisfeita com algumas atitudes minhas.
Arrependimento é uma das piores coisas. Saudades é outra das piores.
Mas voltando... como disse estava tudo quieto, até eu escutar a porta se abrindo. Eu rezei para que não fosse meu pai. Eu podia sentir uma aura negra me envolvendo, meu coração disparou enquanto minhas mãos suadas pararam de digitar. Minha mãe só entrou no quarto e me jogou aquele olhar assassino. Enquanto eu dizia que já estava desligando tentava me concentrar para desligar a música, tirar os fones, pegar o controle remoto, sair do msn... Não consegui fazer nada com muito sucesso.
No fim eu cai no sono enquanto pensava em como dizer algumas coisas para algumas pessoas. Como ser conveniente enquanto eu sabia que seria inconveniente.
De qualquer maneira eu dormi e sonhei bastante. Não me lembro de nada para ser sincera, infelizmente, já que nos meus sonhos eu provavelmente estaria mais... tranquila.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

A briga no shopping

Era um sabádo de tarde, no meio de um feriado prolongado desde a quinta. O tempo não era dos melhores, entre o ar abafado, e algumas chuvas esporadicas, que em poucos segundos alagavam metade das ruas da cidade. É claro que o shopping iria estar apinhado de gente, mas ignorando todos os sinais divinos decidi relaxar um dia antes de FUVEST como manda o figurino.

A fila de carros na entrada do estacionamento já confirmou as minhas suspeitas, porém me manti fiel a idéia de passar algumas horas a fio, andando, sem comprar nada. Depois do sufoco para conseguir uma vaga finalmente me vi entre a multidão que ia e vinha nas escadas rolantes.

Senti sede, fome. Claro, no shopping sempre é assim, se não compramos nada, sentimos fome, paramos para tomar um cafezinho, comer um inocente doce. Comprar nada é definitivamente um conceito relativo. Enfim, dirige-me à praça de alimentação.

Parecia que metade dos donos dos carros nos estacionamento se concentravam ali. Gente e mais gente. Crianças gritando correndo, os pais tentando (sem sucesso) manter o controle da situação. Se eu não estivesse ali, escutando tudo aquilo, era claro que a cena pareceria cômica, mas não era. O buruburinho era ensurdecedor, as pessoas, em média, colocadas a pouco menos de um metro de distância, berravam umas com as outras a fim de que sua voz prevalecesse sobre a do vizinho.

Mas o mais importante vem agora: As mesas estavam todas ocupadas. Literalmente nunca tinha visto uma praça de alimentação tão cheia quanto aquela. Os donos das mesas soltavam olhares furtivos para a multidão que esperava que os dignissímos senhores terminassem suas refeições (ou conversas inúteis).

Sai de lá. Andei pelos corredores já conhecidos até encontrar uma cafeteria também familiar mais reservada. Estava cheia de gente, sem nenhuma mesa vaga. O lugar é bom, então me sujeitei a esperar. Recostei-me numa grade e aguardei até que um casal levantou. Sem perder tempo me movi rapidamente, olhando para os lados para checar se ninguém tentava pegar a mesma mesa que eu.

Ao sentar chamei o garçon, fiz meu pedido e suspirei satisfeita. Antes do doce chegar, ouvi a mulher gordinha ao meu lado, com seus amigos, falando animadamente do caso da menina Isabella. Um assunto muito saúdavel para acompanhar um cafezinho.

Estava atenta a conversa alheia quando de repente tudo aconteceu. Eu tremi ao escutar um berro e uma cadeira atrás de mim sendo puxada com toda força. Virei-me e vi um homem pulando em cima do outro, agarrando-o pela gola da blusa, enquanto o outro recuava. Mil mãos tentavam separá-los.

O que recuava, avançou, empurrando o adversário para cima de um carrinho de bebê que tombou de lado, e a mãe equilibrou-se, tentando salvar a menininha entre os adornos cor de rosa. Os homens foram separados, mas continuavam a gritar.

O homem, que havia caido no bebê, era o respectivo pai da criança e marido da mulher, que pegou a sombrinha do carrinho, a qual havia desencaixado, e partiu para cima do homem que ameaçou sua família. A gordinha ao meu lado fazia 'shh' como se pedisse silêncio.

Os seguranças invadiram o lugar, engoli meu doce rapidamete. Um dos companheiros do homem que se voltou contra o casal levantou e disse que iria dar um tiro na cabeça do esposo se eles não fossem embora. O marido respondeu, dizendo que o trio de amigos eram 'umas bichinhas'.

Nesse ponto paguei rapidamente e fui à livraria. Fato, o cara realmente não iria dar um tiro na cabeça de ninguém, acho que ele era tão patético que quis se sentir bem e chamar a atenção. Mas de qualquer maneira, antes de pagar não me escapou do ouvidos o motivo do ocorrido.

Um garçon cochichava para o outro, dizendo que um dos homens do trio havia puxado a cadeira da esposa do casal no momento em que ela iria se sentar. Nessa hora pensei no tempo em que os homens ofereciam seus lugares para as damas.

O motivo era idiota, a briga idiota, o acontecimento todo uma completa idiotice. Mas aconteceu. A luta pela sobrevivência com certeza exige uma cadeira numa cafeteria. De qualquer jeito, consegui comer meu doce, e sair de lá.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Ahhh-cabou

Pois é, acabou a matéria do cursinho. Hoje foi um daqueles dias em que o clima estava normalmente normal, ou seja, tudo como sempre foi. E para ser sincera isso não foi hoje, mas durante toda a semana. A única coisa que realmente era mais diferente eram os suspiros dos professores dizendo que agradeciam pela presença e que a matéria (o curso) da respectiva aula que a gente estava tendo havia acabado. Eu não tinha me dado conta disso.
Quer dizer, foi tudo tão rápido, mas pareceu que foi tanto tempo. O que eu quero dizer é que eu fiquei tão ambientalizada com o cursinho, virou tão rotina, que eu achei que iria durar por mais alguns anos (talvez dure... nãoooooo!) e estava muito bem assim. Na última aula passaram um vídeo. É, um daqueles vídeos que fazem você se arrepender de ter matado aquelas aulas, de ter faltado, de ter boiado, de ter ficado em estado semi(ou completamente)-vegetativo. Depois de um discursinho básico, começou uma música feliz, e cenas dos professores dando as aulas. Assim, rapidinho, um flash de cada um com a música ao fundo... Ah! E claro, a sala fazendo o respectivo cumprimento, ou frase, ou qualquer outro barulho gutural que é feito de praxe para o professor.
É engraçado como eles ficam tão distantes (fisicamente eu digo) na sala de aula, mas parecem que são tão próximos, mesmo com aquele montão de gente que fica me rodeando todos os dias.
Bem, estava tudo muito bom (bom) tudo muito bem (bem), mas a verdade é que agora começa a revisão.
É, nem tudo pode ser perfeito. Nem as despedidas.
***
Para quem não sabe eu vou prestar medicina.
Entendeu o pânico?

domingo, 26 de outubro de 2008

Sobre Amor

Percebi que não escrevi nada sobre amor aqui, então lá vai.
***
Era estranho o modo como ele torcia os dedos para estralar as articulações. A cada dobrada eu escutava um tec-tec insuportável. Pisquei os olhos e senti as pálpebras molharem novamente minhas córneas.
Talvez eu devesse falar com ele. Ou talvez não. Ficar parada era uma boa opção. O risco de acontecer nada parecia satisfatório, já que duas coisas podiam efetivamente ocorrer. Se eu fosse, poderia ouvir um não que seria muito mais chamativo do que um sim. No caso dele (do sim eu digo) ele chamaria muito menos atenção do que um não.
Eu não o conhecia e não sabia seu setor, o que era uma justificativa completamente plausível para que eu me apresentasse. Os amigos dele se afastaram, era a oportunidade perfeita.
Perfeita. Perfeita. Fiquei parada, com os pés colados ao chão, como um poste, só faltou na ocasião um cachorro passar, erguer a pata habilmente e... Pois é. Ele saiu caminhando meio agitado depois de verificar o relógio, fazendo com que eu perdesse completamente a vista da sua figura.
Pigarreie baixinho e ergui os ombros. Eu era uma figura verdadeiramente patética, admito, e os lábios levemente entreabertos não ajudavam nada.
Caminhar parecia ser pesado, mas necessário. Precisava almoçar antes de voltar ao trabalho e para ajudar o refeitório estava cheio e meu relógio parecia cada vez mais vazio. Engoli a comida que raspou várias vezes pela minha garganta, e depois de pagar peguei uma garrafinha de água devidamente quente (pois nunca esteve devidamente fria) e coloquei os lábios no gargalo tentando não parecer uma troglodita, o que é praticamente impossível.
Já tentaram beber enquanto andam apressadamente? Deitei a cabeça levemente para trás na tentativa de molhar meus lábios enquanto meus sapatos desconfortáveis batiam no assoalho. Ao mesmo tempo tentei olhar o caminho, ignorando os telefones que tocavam e as pessoas agitadas que passavam por... Foi um desastre.
Torci o pé e logo senti a água molhando minha blusa e parte do meu rosto. Várias pessoas vieram olhar meu estado, mas nenhuma se moveu para me erguer.
Fiquei em pé sozinha, resgatando o pouco de dignidade que me restava e caminheie feito uma cadela manca. Um passo de cada vez, joelho perdia a força, certo, tudo bem... Fui para enfermaria naquele passo torto.
_Pois não?
Escutei a voz, mas estava muito mais incomodada com minha blusa molhada. Depois de alguns segundos levantei o queixo.
_Acho que eu... - céus - Torci - apontei para meu pé, só aí percebi que meu salto tinha quebrado.
_Mulheres e seus saltos. Sente-se e tire...
_Tire!? - minha voz saiu mais afobada do que o normal.
_O sapato - ele franziu o cenho e deu um sorrisinho enquanto lavava as mãos.
Ele parecia concentrado enquanto examinava meu pé. Fique lá parada, esperando um elogio do tipo: Como seu pé é bonito, ou esse dedão tem telefone?
_Então? Quebrou? - perguntei.
_Não, vamos colocar um gelo e você deveria ir para casa.
O cara era legal, bonito, inteligente e ainda me manda para casa em plena quarta-feira depois do almoço. Quer casar comigo?
_Certo - respondi com seriedade transpirando dos meus poros.
_Mas antes disso a senhora - uh, essa doeu - deve aceitar um convite.
Ergui as sobrancelhas.
_Con-convite - repeti.
_Sim, para uma festa da firma. Os convites só seriam dados hoje a tarde, mas como você vai embora - perguei o papelzinho com uma cara de... de que droga! - Chamarei alguém para te levar com a cadeira de rodas.
Fiquei de pé e pulei para não apoiar o pé no chão.
_Certo, obrigada.
A cadeira chegou, um segurança veio junto. Sentei e dei um aceno de leve para me despedir.
_E mais um coisa... Quando seu pé melhorar, quem sabe podemos jantar juntos um dia?
Definitivamente muito melhor que as cantadas sobre os pés.
***
Urgh, que droga. Não estava inspirada, não, não. E morrendo de calor.