quarta-feira, 26 de novembro de 2008

A briga no shopping

Era um sabádo de tarde, no meio de um feriado prolongado desde a quinta. O tempo não era dos melhores, entre o ar abafado, e algumas chuvas esporadicas, que em poucos segundos alagavam metade das ruas da cidade. É claro que o shopping iria estar apinhado de gente, mas ignorando todos os sinais divinos decidi relaxar um dia antes de FUVEST como manda o figurino.

A fila de carros na entrada do estacionamento já confirmou as minhas suspeitas, porém me manti fiel a idéia de passar algumas horas a fio, andando, sem comprar nada. Depois do sufoco para conseguir uma vaga finalmente me vi entre a multidão que ia e vinha nas escadas rolantes.

Senti sede, fome. Claro, no shopping sempre é assim, se não compramos nada, sentimos fome, paramos para tomar um cafezinho, comer um inocente doce. Comprar nada é definitivamente um conceito relativo. Enfim, dirige-me à praça de alimentação.

Parecia que metade dos donos dos carros nos estacionamento se concentravam ali. Gente e mais gente. Crianças gritando correndo, os pais tentando (sem sucesso) manter o controle da situação. Se eu não estivesse ali, escutando tudo aquilo, era claro que a cena pareceria cômica, mas não era. O buruburinho era ensurdecedor, as pessoas, em média, colocadas a pouco menos de um metro de distância, berravam umas com as outras a fim de que sua voz prevalecesse sobre a do vizinho.

Mas o mais importante vem agora: As mesas estavam todas ocupadas. Literalmente nunca tinha visto uma praça de alimentação tão cheia quanto aquela. Os donos das mesas soltavam olhares furtivos para a multidão que esperava que os dignissímos senhores terminassem suas refeições (ou conversas inúteis).

Sai de lá. Andei pelos corredores já conhecidos até encontrar uma cafeteria também familiar mais reservada. Estava cheia de gente, sem nenhuma mesa vaga. O lugar é bom, então me sujeitei a esperar. Recostei-me numa grade e aguardei até que um casal levantou. Sem perder tempo me movi rapidamente, olhando para os lados para checar se ninguém tentava pegar a mesma mesa que eu.

Ao sentar chamei o garçon, fiz meu pedido e suspirei satisfeita. Antes do doce chegar, ouvi a mulher gordinha ao meu lado, com seus amigos, falando animadamente do caso da menina Isabella. Um assunto muito saúdavel para acompanhar um cafezinho.

Estava atenta a conversa alheia quando de repente tudo aconteceu. Eu tremi ao escutar um berro e uma cadeira atrás de mim sendo puxada com toda força. Virei-me e vi um homem pulando em cima do outro, agarrando-o pela gola da blusa, enquanto o outro recuava. Mil mãos tentavam separá-los.

O que recuava, avançou, empurrando o adversário para cima de um carrinho de bebê que tombou de lado, e a mãe equilibrou-se, tentando salvar a menininha entre os adornos cor de rosa. Os homens foram separados, mas continuavam a gritar.

O homem, que havia caido no bebê, era o respectivo pai da criança e marido da mulher, que pegou a sombrinha do carrinho, a qual havia desencaixado, e partiu para cima do homem que ameaçou sua família. A gordinha ao meu lado fazia 'shh' como se pedisse silêncio.

Os seguranças invadiram o lugar, engoli meu doce rapidamete. Um dos companheiros do homem que se voltou contra o casal levantou e disse que iria dar um tiro na cabeça do esposo se eles não fossem embora. O marido respondeu, dizendo que o trio de amigos eram 'umas bichinhas'.

Nesse ponto paguei rapidamente e fui à livraria. Fato, o cara realmente não iria dar um tiro na cabeça de ninguém, acho que ele era tão patético que quis se sentir bem e chamar a atenção. Mas de qualquer maneira, antes de pagar não me escapou do ouvidos o motivo do ocorrido.

Um garçon cochichava para o outro, dizendo que um dos homens do trio havia puxado a cadeira da esposa do casal no momento em que ela iria se sentar. Nessa hora pensei no tempo em que os homens ofereciam seus lugares para as damas.

O motivo era idiota, a briga idiota, o acontecimento todo uma completa idiotice. Mas aconteceu. A luta pela sobrevivência com certeza exige uma cadeira numa cafeteria. De qualquer jeito, consegui comer meu doce, e sair de lá.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nooossa, vc nao tinha em contado isso... O.o
Meoo, sem noçaao! Cavalheirismo e EDUCAÇAO sao fundamentais... mas em MTAAA falta.... ¬¬

Dá um tapa na kra dele!
kespokespokespokpesose